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quinta-feira, 11 de março de 2010

Meça sua idiotice.

Quando eu entrei na faculdade, tinha um garoto, que gostava muito de mim, meu comportamento sempre foi muito arisco em se tratar desse tipo de sentimento – bem querer, vai ver é porque eu não sei lidar com isso e não saio da defensiva com tanta facilidade, eu guardo as coisas, escondo, tranco e finjo que esqueci de fabricar uma chave. Porque essa sou eu, bem assim. Medrosa. De qualquer forma, esse rapaz, uma vez, eu fui muito rude com ele, sem necessidade. E me arrependo até hoje de não ter pedido desculpas pela minha grosseria sem tamanho e sem fundamento. Mas o tempo passou, ele esqueceu e sempre me tratou com muita gentileza, e lá na faculdade, onde eu cresci bastante, tinham outros tipos, e entre eles tinha uma garota que tinha muita inveja de mim. Eu, cheia de nóias e maluquices na cabeça, a princípio ignorava completamente esse tipo de coisa (como alguém pode ter inveja de mim?), mas meus amigos sempre me diziam: “Essa garota tem inveja de você” e eu só respondia: “É? Sério?” Às vezes eu achava também, mas preferia ignorar. De repente essa garota e aquele menino gentil começaram a namorar. E ela sempre foi muito grossa com ele. Ela dizia pra quem queria ouvir que não estava interessada em sentimentos, mas queria alguém pra lhe dá conforto e segurança material, depois de um tempo eles assumiram o namoro pro resto da turma. Ele estava apaixonado por ela, mas ela só o maltratava. E eles foram ficando junto, às vezes acabava, e depois voltavam, ele se cansava e depois que ela muito insistia, eles voltavam. de novo . Hoje, eu não sei como andam as coisas, mas escuto por amigos que ele agora é mais firme com ela e que não deixa ela se aproveitar dele tanto assim.

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À pouco tempo eu começei um curso de Literatura Brasileira, e adivinha quem tava dividindo o curso comigo? Aquela garota. Agora, sómos colegas de classe e ela senta junto com meu grupo de trabalhos. Uma vez, no intervalo, muitos colegas conversando e eu comentei que tinha medo de me envolver e preferia ficar sozinha do que com qualquer pessoa que realmente não me interessasse da maneira certa... E essa garota me chamou de “idiota”. Disse que eu não podia viver a vida com medo de me arriscar. Eu fiquei pensando no que dizer, depois vi que não valia a pena. Eu e ela temos visões muito diferentes do que é ser idiota. Como dizer pra uma pessoa como ela que idiotice é ficar com alguém só porque essa pessoa pode me proporcionar conforto material? Como dizer pra ela que é melhor tá sozinha do que iludindo alguém que possa ter sentimentos verdadeiros por mim, enquanto eu o manipulo? Não encontrei as palavras, ou a coragem. Não sei... Talvez, tenha sentido pena dela.
Viver uma vida sem arrependimentos... Ser honestamente feliz... Esse tipo de coisa, talvez, não seja possível. Mas eu prefiro tentar. Eu sempre fui esse tipo de pessoa que acredita, muitos me dizem que é porque eu estou com meus vinte e poucos anos e que sou jovem. Se for verdade que você envelhece e, de alguma maneira, vira um covarde, então eu acabei de descobrir porque odeio tanto crescer. Eu não quero ser uma pessoa que fica sentada olhando a vida passar, esfregando na minha cara o que eu podia ou não podia ter feito. Uma vida de arrependimentos. Sentir uns poucos, como eu sinto que devo desculpas àquele garoto, sempre faz com que eu me sinta mal quando penso nisso. E isso eu não quero mais. É claro que eu me sinto fraca às vezes. Me sinto só ou pessimista ou descrente. Mas é claro. Quem disser que nunca se sentiu assim, estará mentindo. Se você não é capaz de assumir suas fraquezas hu-ma-nas, então pode dá o fora daqui, porque eu tenho medo de ET.
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Eu quero me lembrar de ser fraca assim, e de nunca ser o tipo de pessoa que tem sempre certeza ou que nunca teve medo. Eu posso até ser uma idiota, como ela falou com tanta veemência, mas eu sou uma idiota com ideais, com razões e motivos. E eu acredito neles. Ela pode aumentar a voz, pode complementar o idiota com babaca, pode me chamar de covarde, eu sei que eu sou.! Mas eu sou uma covarde que tem crenças e metas, o que não significa muita coisa nesse mundo putaresco, mas que, sinceramente, eu quero que se dane. Dentro da minha cabeça, o meu mundo. No meu mundo, minha ideias e ideais. E meus ideais são quem eu sou. E eu posso mudar, interferir e ir e vir, quando eu quiser. Tô aberta a opiniões. Ou não. Eu sei que isso assusta. Mas será que sou eu a assustadora? Ou o mundo ficou covarde demais?
Não é que eu vá conseguir de agora em diante. Não é que vá ser uma pessoa melhor só porque sei disso. Não é que, a partir, de agora eu farei tudo que me passa pela cabeça, porque eu tenho medo, sempre. Mas de onde eu estou agora já posso ir, ou pelo menos tentar ir, aonde eu quero chegar. E isso, por agora, já é o bastante pra uma pessoa tão idiota quanto eu.
AH!
Acabei de perceber.
Acho que entendi.
Acho que agora entendi porque ela tem tanta inveja de mim...