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sábado, 9 de outubro de 2010

Palavras ao vento. Literalmente.

Lá vinha eu andando pelas ruas do Recife, engraçado que depois que você se acostuma em “ter” um carro, você desaprende a andar pelo bom hábito de andar. E isso é ruim, porque eu sempre gostei de andar. Me ajuda a pensar, a me acalmar e eu sempre posso ouvir música sem me preocupar com o possível barulho que o meu cano de escape possa estar fazendo só porque eu passei em cima daquele buraco que o tio Vold conjurou do nada... Mas não é por aí que eu quero ir, eu tenho outro caminho para lhes mostrar. Ao chegar à parada de ônibus, nessas que tem banco e proteção contra o sol, eu fui curtir os benefícios do imposto que eu pago. Sentada esperando o ônibus, uma folha de papel vem voando e fica presa aos meus pés, eu teria apanhado e jogado fora, como era de se esperar, mas no papel a caligrafia era manual, quem escreve hoje em dia tendo o computador que uniformiza, padroniza e “eficientiza” tudo? A curiosidade acabou ganhando da higiene da mulher que lava as mãos de quando em quando...
A despeito do que tinha escrito na carta (sim era uma carta!) preciso lhe informar que o papel estava manchado, sujo, roto e amassado... Talvez tenha caído do lugar onde estaria guardado sem que o dono ou a dona percebesse, ou talvez o autor (ou autora) tenha desistido no meio do caminho... Eu não sei. Mas lhes transcreverei o que eu consegui ler simplesmente porque achei muitíssimo apropriado. Segue.
“Eu não posso negar que você me fez feliz. E que mesmo quando acabou eu mantive a esperança que algum dia você viria me salvar de eu afundando dentro de mim. É engraçado como as coisas são. Achei que você reconheceria a solidão, como dois iguais. O problema é que de tanto você querer ser livre, acabou ficando preso em você e na sua dúvida shakespearena em ser ou não ser. O problema é seu. Eu quis que fosse meu. Mas agora não quero mais.
Eu tenho que lhe dizer que, sim, ainda está doendo, eu vou me permitir ficar assim. Porque um dia, passa. E quando passar eu não volto mais. Quem sabe a gente até não se encontra e toma uma cerveja, e conversa sobre os velhos tempos, e você, fraco como é tentará me enfraquecer, mas quando alguém passa, pelos estágios de dor que tem que passar, e esse alguém passa, é como se o corpo e alma se revestissem de proteção e a dor não pode mais entrar. Por enquanto ainda dói. Ainda. Mas vai passar.
[Aqui tinha um versinho, eu não consegui ler direito... Minha visão de raio X já tava pifando...]
O que me contenta mais do que qualquer coisa é que agora eu já posso seguir minha vida sem me preocupar em viver uma vida com você. E eu vou. Acredite-me. Não pense que serei infeliz para sempre, ou que te amarei pra sempre (você nem é tão bom assim). Isso é só sua vaidade. Mas do que pra você e principalmente pra mim eu serei feliz, e você se contentará com outros braços, outros lábios e outras manhãs amanhecidas e sem cor ao lado de outros alguéns. Boa sorte, mô. Eu já vou, tá? E não precisa mais me procurar. Nunca mais.

F. D. R.”

Triste saber que essa carta se perdeu no caminho e não chegou ao destinatário. Eu gostaria de ver a pessoa lendo isso. Na dor o desespero aparece, no entanto esse desespero comedido foi de uma classe tão lírica que me fez querer compartilhar com vocês.
Sim! E o mais importante a observar é que antes F. D. R. era só mais um apaixonado. Agora, F. D. R. é poeta.

domingo, 22 de agosto de 2010

Pensar demais enlouquece. Pense nisso.

Quando e de onde vem a idéia de que você é o único que não finge?

Estando parada, numa fila, esperando pela sua vez pra comprar os ingressos pra entrar no cinema. Observando. Pensando. “Estão todos fingindo”. Sente isso o tempo todo. E isso a persegue. Não consegue acreditar que aquelas pessoas estejam ali por ter um gosto em comum. O mais óbvio não a agrada como resposta.
Se for verdade o que os psicólogos e psiquiatras acreditam quando falam e discutem sobre as máscaras aceitas pela sociedade, se for verdade que todos utilizam essas máscaras o tempo inteiro, se for verdade que não há pessoa que se olhe tempo suficiente num espelho se não for pra procurar um defeito. Se for verdade tudo isso, às vezes, poderia até se arriscar a entender. E de repente um tipo de bloqueio lhe acontece, algo como não se deve prolongar sentenças sobre isso, e coisas como: não estou pronta pra filosofar. O que parece, realmente, é que a máscara que responde pelo exercício do pensamento sabe mais do que se pode imaginar e sabe que se continuar prolongando-se naquilo que sabe melhor fazer, ela talvez não venha a agüentar.
A vontade de ser aceito em um grupo de indivíduos faz com que algumas pessoas ajam de maneira incoerente e talvez isso justifique o uso de máscaras. Numa mesa de bar, ele está terminando uma piada sobre loiras. Ela escuta e pensa: “Devo rir agora?” – Não é uma boa piada. Flerta com valores hipócritas de uma sociedade machista, com a subserviência de algumas mulheres, com a inferioridade do ser humano, com a generalização do pior tipo e etc. Todos riem, e já que não consegue se divertir com o óbvio, pensa:
As pessoas fingem por um motivo e por tal motivo elas continuam apenas fingindo? Aonde foi parar a verdadeira essência dessas pessoas? Será que usaram essas máscaras por tanto tempo que acabaram por se acostumar a essa nova identidade? Ou então, não gostavam de quem eram e por sua vez assumiram essas identidades por, dessa maneira, facilitar as coisas pra si mesmo? Quem sabe as pessoas na fila do cinema estejam ali por uma combinação de fatores – folga, descanso, lazer? Quem sabe todas as pessoas sejam suas próprias máscaras o tempo inteiro? Onde começa o fingimento e onde entra a personalidade de cada um? Por que alguns mudam tanto sobre influência do álcool? Ou por que algumas pessoas se decepcionam logo após o casamento? Existem máscaras certas para cada ocasião? E, se existe, quando eu devo usá-la já que um julgamento certo/errado pode não ser o mesmo pra todos?
“Que dor de cabeça”.
E esse é o primeiro sinal que sua máscara responsável pelo exercício do pensamento – haveria mesmo uma máscara aqui? – lhe envia. Se tiver sorte (ou azar) você ainda ouvirá:

- Vá com calma, meu bem. Pensar demais enlouquece. Não que ser são seja grandes coisas hoje em dia...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Proposta de Intimidade

Calma, calma. Não tô querendo aqui oferecer uma gama de vantagens e um serviço de sexo fácil. Não pelo blog. Quem quiser é só me procurar no calçadão de BV entre o ponto de Lorena Bonecão e Charlene Charmosa. Minha proposta pra esse post é outra. Até porque, pelo menos eu espero que meus amigos saibam, sexo hoje já não é tanto intimidade assim, quer dizer, às vezes é só uma noite de bebedeiras e um cara que-se-você-semi-cerrar-os-olhos-e-inclinar-a-cabeça-e-dá-dois-pulinhos-num-pé-só-como-o-saci-pererê parece com aquele ator que fez aquele filme que foi um sucesso em 1998. Claro. Pra maioria é mesmo, não é? Observar a maioria, às vezes, me cansa.

No meu post anterior eu falei sobre as impressões, e como elas são legais e como não temos tido tempo de partilhá-las entre nós, lembra? Então. Aí é que tá a função desse texto. Eu vi um email, que continha um questionário em que as pessoas tinham que responder perguntas pessoais, me fez lembrar os cadernos do ginásio que sempre terminavam com: “De quem é que você gosta?”, mas, se eu quiser que vocês me respondam isso, terei que responder também. E eu não vou entregar o ouro assim tão fácil, benhê. De qualquer forma, não é por aí o que eu intento. A minha proposta de intimidade surgirá com o que quer que seja que vocês tenham pra compartilhar. Eu proponho fatos. Um, três, cinco, dez, quantos vocês quiserem. Fatos/histórias/curiosidades que fazem de você ser quem você é, não que isso seja de algum interesse pra alguém modernoso e descolado, mas como eu só sou eu, estranha e anormal, dentro do meu mundinho esquisito, falar sobre coisas irrelevantes são, por demais, interessantes pra mim.

Já que eu propus, eu começo então:

- Eu, realmente, tenho medo de escuro. Quando durmo só, a luz do corredor fica acesa e a porta do meu quarto aberta uns 15 cm. Caso contrário, não durmo.

- Eu odeio gente que interrompe o outro, quando o mesmo está falando. Às vezes, principalmente em tensão pré, dá vontade de meter a mão na cara.

- Não consigo ler em ônibus. Por mais que eu tente, sempre fico com dor de cabeça e com vontade de vomitar... Argh.

- Acho séquise calça de moletom. Se o cara for magrelo então. Ui.

- Tenho a pretensão de criar uma fortaleza da solidão pra mim. Com tudo que eu tenho direito. E não será propriedade de qualquer um a autorização pra entrar. Eu escolho os meus “Lanes”. E à dedo.

- Os caras engraçados são os melhores. Pelo menos pra mim. Pode ser feio, caolho, manco, gago, mas se for engraçadinho vai chamar minha atenção.

- Eu prefiro timidez à extroversão. Embora eu seja extrovertida. Vai saber, né?

- Não gosto da maioria das sobremesas de limão: Mousse, torta, sorvete, docinhos, picolé...

- Eu adoro frio. Sempre quando a família viaja, eu me enfuno nos quartos com ar-condicionado e toda vez brigam comigo, porque eu sempre, sempre, quero o ar mais gelado possível.

- Adoro quando coçam minhas costas. Dá logo sono, eu fico logo mole e fico mais mansa também. Como todo animal que precisa ser condicionado à uma maneira pra se acalmar, eu tenho aí a minha.

Ora... Vejam só. Já falamos muito de mim. E vocês? Vamos lá meus queridos, talk to me.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Impressões

Qualquer coisa que nos cause uma impressão é algo que fica, pra sempre, na memória. Tudo bem. Eu posso explicar melhor, mas como isso é algo que eu inventei e defini, não sei se ficará completamente esclarecido, tendo em vista o tanto de água que movem as pás dos meus moinhos, caro leitor, você não deve me censurar por aqui me desculpar, antecipadamente, pelas loucuras que vão ao meu pensamento, se eu o faço é para poupar-lhe paciência, coisa que em mim, geralmente falta muito. Mas vamos lá... Impressões são sentimentos inesperados, que surgem em determinada situação, e que você não consegue definir na hora sobre o que é ou porque sente, no entanto, será algo que você sempre lembrará. É comum que as pessoas confundam isso com “amor à primeira vista”, mas não é esse o caso. Na verdade as pessoas confundem muita coisa com amor, e se eu for ficar aqui escrevendo sobre isso, entro por outro tema e esqueço sobre do que vim escrever. E eu, realmente, gostaria de falar sobre as impressões.
É comum que isto de impressão esteja associado à imagem. “A primeira impressão é a que fica.” Não estou falando disso também. Essa urgência toda em definir alguém pela primeira impressão é uma coisa que todo mundo faz numa tentativa desesperada de conhecer o outro rápido. Todo mundo tem pressa e assuntos mais importantes pra resolver, conhecer leva tempo e tempo é dinheiro e eu preciso fazer muito, agora, já! E o desespero faz sua apresentação. Assim, permanece a historinha da primeira impressão ser a única e verdadeira. Vamos generalizar pra facilitar o entendimento das coisas, mas as pessoas esquecem que as coisas não são fáceis de entender e que ao menos que você ponha seus miolos lá por um tempo, nenhuma das suas questões serão resolvidas de maneira satisfatória.
Exemplificando: Eu lembro até hoje do que eu senti quando eu vi Freddie Mercury pela primeira vez. Eu tava na mesa com a minha mãe e tava passando o clipe da música “I Want Break Free”, eu estava prestes a mudar de canal quando minha mãe disse: “Deixa aí, a gente cantava essa música no meu curso de inglês”. Tinha alguma coisa na voz, um tom diferente, que fez com que eu quisesse assistir ao clipe também. Só que, eu pequena, achei a aparência do vídeo antiga, e pensava: “Cara, nada de bom, pode vim disso, isso é muito velho.” Até que Freddie Mercury entrou na sala, de sapato de salto fino, meia-calça preta, saia de couro, blusinha rosa e bigode e deu uma piscadinha pra mim. E eu: =O. Eu achei que aquele homem podia fazer qualquer coisa. Ele tava fantasiado de Dragg Queen de cabelinho Chanel, e, ainda assim, era um dos homens mais másculos que já tinha visto. Eu me lembro disso até hoje porque isso me causou uma impressão, agora deu pra entender?
Todo mundo tem impressões guardadas consigo mesmo, às vezes, por não ter de sobra o maldito tempo, esquecessem-se de compartilhar com os seus. E quantas coisas legais e interessantes deixam de conversar os amigos, os familiares, os namorados, os vizinhos... Algumas impressões são ruins. Mas acredito que essas precisam ser lembradas para que não possamos errar de novo. E elas precisam ficar lá ao lado das boas impressões, para que possamos saber quão boa as impressões boas o foram. E outras permanecem, ainda que não tenham acontecido recentemente. Mas permanecem porque foram fortes e porque você as mantêm sem nem saber por quê. Às vezes, essas impressões nos foram transmitidas por um olhar, às vezes, por um sorriso, ou às vezes pelo Freddie Mercury travestido. Às vezes é um toque, uma palavra, um cheiro, uma música, uma história contada de um jeito especial, ou uma mão no ombro quando você se desfaz em prantos, ou uma maneira especial de ficar parado em pé... E são dessas coisas que nós nos lembramos, que nos mantemos e que nos passam despercebidas na maioria das vezes.
As impressões nos sustentam, e na maioria das vezes, estamos muito apressados pela leitura superficial das coisas pra notar quando uma está acontecendo. Ainda que seja uma agora. Nesse exato momento.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Meça sua idiotice.

Quando eu entrei na faculdade, tinha um garoto, que gostava muito de mim, meu comportamento sempre foi muito arisco em se tratar desse tipo de sentimento – bem querer, vai ver é porque eu não sei lidar com isso e não saio da defensiva com tanta facilidade, eu guardo as coisas, escondo, tranco e finjo que esqueci de fabricar uma chave. Porque essa sou eu, bem assim. Medrosa. De qualquer forma, esse rapaz, uma vez, eu fui muito rude com ele, sem necessidade. E me arrependo até hoje de não ter pedido desculpas pela minha grosseria sem tamanho e sem fundamento. Mas o tempo passou, ele esqueceu e sempre me tratou com muita gentileza, e lá na faculdade, onde eu cresci bastante, tinham outros tipos, e entre eles tinha uma garota que tinha muita inveja de mim. Eu, cheia de nóias e maluquices na cabeça, a princípio ignorava completamente esse tipo de coisa (como alguém pode ter inveja de mim?), mas meus amigos sempre me diziam: “Essa garota tem inveja de você” e eu só respondia: “É? Sério?” Às vezes eu achava também, mas preferia ignorar. De repente essa garota e aquele menino gentil começaram a namorar. E ela sempre foi muito grossa com ele. Ela dizia pra quem queria ouvir que não estava interessada em sentimentos, mas queria alguém pra lhe dá conforto e segurança material, depois de um tempo eles assumiram o namoro pro resto da turma. Ele estava apaixonado por ela, mas ela só o maltratava. E eles foram ficando junto, às vezes acabava, e depois voltavam, ele se cansava e depois que ela muito insistia, eles voltavam. de novo . Hoje, eu não sei como andam as coisas, mas escuto por amigos que ele agora é mais firme com ela e que não deixa ela se aproveitar dele tanto assim.

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À pouco tempo eu começei um curso de Literatura Brasileira, e adivinha quem tava dividindo o curso comigo? Aquela garota. Agora, sómos colegas de classe e ela senta junto com meu grupo de trabalhos. Uma vez, no intervalo, muitos colegas conversando e eu comentei que tinha medo de me envolver e preferia ficar sozinha do que com qualquer pessoa que realmente não me interessasse da maneira certa... E essa garota me chamou de “idiota”. Disse que eu não podia viver a vida com medo de me arriscar. Eu fiquei pensando no que dizer, depois vi que não valia a pena. Eu e ela temos visões muito diferentes do que é ser idiota. Como dizer pra uma pessoa como ela que idiotice é ficar com alguém só porque essa pessoa pode me proporcionar conforto material? Como dizer pra ela que é melhor tá sozinha do que iludindo alguém que possa ter sentimentos verdadeiros por mim, enquanto eu o manipulo? Não encontrei as palavras, ou a coragem. Não sei... Talvez, tenha sentido pena dela.
Viver uma vida sem arrependimentos... Ser honestamente feliz... Esse tipo de coisa, talvez, não seja possível. Mas eu prefiro tentar. Eu sempre fui esse tipo de pessoa que acredita, muitos me dizem que é porque eu estou com meus vinte e poucos anos e que sou jovem. Se for verdade que você envelhece e, de alguma maneira, vira um covarde, então eu acabei de descobrir porque odeio tanto crescer. Eu não quero ser uma pessoa que fica sentada olhando a vida passar, esfregando na minha cara o que eu podia ou não podia ter feito. Uma vida de arrependimentos. Sentir uns poucos, como eu sinto que devo desculpas àquele garoto, sempre faz com que eu me sinta mal quando penso nisso. E isso eu não quero mais. É claro que eu me sinto fraca às vezes. Me sinto só ou pessimista ou descrente. Mas é claro. Quem disser que nunca se sentiu assim, estará mentindo. Se você não é capaz de assumir suas fraquezas hu-ma-nas, então pode dá o fora daqui, porque eu tenho medo de ET.
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Eu quero me lembrar de ser fraca assim, e de nunca ser o tipo de pessoa que tem sempre certeza ou que nunca teve medo. Eu posso até ser uma idiota, como ela falou com tanta veemência, mas eu sou uma idiota com ideais, com razões e motivos. E eu acredito neles. Ela pode aumentar a voz, pode complementar o idiota com babaca, pode me chamar de covarde, eu sei que eu sou.! Mas eu sou uma covarde que tem crenças e metas, o que não significa muita coisa nesse mundo putaresco, mas que, sinceramente, eu quero que se dane. Dentro da minha cabeça, o meu mundo. No meu mundo, minha ideias e ideais. E meus ideais são quem eu sou. E eu posso mudar, interferir e ir e vir, quando eu quiser. Tô aberta a opiniões. Ou não. Eu sei que isso assusta. Mas será que sou eu a assustadora? Ou o mundo ficou covarde demais?
Não é que eu vá conseguir de agora em diante. Não é que vá ser uma pessoa melhor só porque sei disso. Não é que, a partir, de agora eu farei tudo que me passa pela cabeça, porque eu tenho medo, sempre. Mas de onde eu estou agora já posso ir, ou pelo menos tentar ir, aonde eu quero chegar. E isso, por agora, já é o bastante pra uma pessoa tão idiota quanto eu.
AH!
Acabei de perceber.
Acho que entendi.
Acho que agora entendi porque ela tem tanta inveja de mim...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Amor é uma Flor Roxa...

...Que nasce no coração dos trouxas.

E com essa prerrogativa simpática e otimista eu cresci, ouvindo o meu pai repeti-la numa espécie de mantra sagrado. Homem bom o meu pai. Bom de olhar pra aquele tipo e pensar seriamente em ser lésbica. Quando se fala em amor eu sei que posso ter uma opinião bem definida sobre isso. É só olhar pra os dezoito anos de casamento da minha mãe com o meu pai e pensar: Prefiro morrer! Prefiro morrer!
Gente, o fato é que o amor é uma coisa linda e ele leva você diretinho ao casamento. Aí é que a coisa fica feia. Casamento é lindo e você gasta todo seu dinheiro tentando fazer uma festa perfeita porque o resto vai ser uma merda mesmo, né? Se casamento fosse bom, o padre que casa todo mundo, não ia ser proibido – pela igreja – de se casar. Mas tudo bem. Casou. Então, vamos caprichar na festa porque pelo menos será uma boa lembrança, eu preciso mesmo me lembrar do meu tio bêbado derrubando os arranjos da mesa, do cara que chega de havaiana no Buffet e da tia inconveniente que sempre repara que você tá 0,00009 quilos mais gorda... Cara, se quer lembrançinha boa, faz um amigo rico!!! Ele vai trazer uma lembrancinha muito boa pra você no seu aniversário e no final do dia ele vai voltar pra casa dele e você vai dormir em paz na sua cama. Sozinho. Se quer um sonho realizado, vai na padaria do seu Joaquim, compra um, e no dia seguinte vai ao banheiro e faz o trabalho de realização.
Imagine um casal que se ama muito. Muito mesmo. Daquele casal bem bonito que tira foto dando beijo de língua, mostrando toda sua paixão deixando o outro escrever o seu perfil no Orkut, provando que te ama com um caloroso “ti amu Du fundo do corassao” escrito no seu caderno depois de duas semanas de namoro. Imaginou? Pronto. Você tem que admitir que isso dá uma vontade... De morrer solteiro.
Tendo em vista esse grau todo de amor, você, com toda a inveja que puder reunir, vai desejar ter alguém pra você. E de repente. Você arranja alguém. Que legal! Todo mundo acha que a montanha russa é legal da primeira vez, mas da segunda vez que vai, sai de lá tonto e na terceira, com certeza, vomita. É mais ou menos assim...
Eu, com minha vasta experiência em relacionamentos (?), posso garantir: o casamento é sagrado. É só tentar sair dele e você já se ver apelando pra todos os santos, clamando por misericórdia.
Mas você caro amigo, babão – como diria o maior babão: Marco. Não pense que eu sou contra casamentos! Eu também quero casar, claro. Porque sou humana e humanos são burros e tem uma tendência psicossomática ao sadomasoquismo. Claro que eu quero um marido, eu só enchendo meu próprio saco já não tem a menor graça. O casamento faz parte da maturidade na vida de alguém e como eu já to nessa merda mesmo de “crescer e adquirir responsabilidade”...
Mas não sei se tem alguém que vai querer casar comigo. Provavelmente, Deus não permitiu alguém assim a nascer... Ele deve ter pensado: "Sou Deus! Eu sei que eu posso alguma coisa melhor que isso aqui". Então meu marido não nasceu ainda, e continua em fase de teste... É bom pensar assim, porque aí não preciso me preocupar de no final tá casada com alguma cobaia inferior. Partindo desse princípio, seria ele mais novo? Mas eu juro que não entendo... Se eu encontrar um cara mais infantil do que eu, a gente vai ter que comprar muito Hipoglós e muita fralda, porque, com certeza, vai da em merda.
Achei que devia postar isso, já que nos meus últimos posts, ficou parecendo que eu era alguém que não gostava de casamento. E com esse post aqui, com certeza, vai ficar tudo esclarecido, hein? Então gente, é isso. Vamos nos casar e ser feliz. Ou não.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dommyuji Tsukasa の手紙

“Pronto. Agora, deu. Ela decidiu escrever em Japonês.”

Calma! Calma caro leitor. Se é que alguém ler isso aqui. Quer dizer... Tem os meus amigos que lêem, mas só porque eu pago. Se eu não os pagassem, o fariam por pena, piedade, nobreza de espírito e tals. Antes de começar esse post, quero que saibam que é mais uma reflexão minha sobre algo que acontece na minha cabeça e que não precisava escrever mas to aqui perdendo meu tempo e fazendo vocês perderem o de vocês porque vocês já leram esse parágrafo inteiro sobre porra nenhuma e continuam lendo só pra saber onde vai dá, né? São quatro da manhã. E eu to aqui, não sei, mas cada vez mais acho que a noite funciona como uma espécie de laxante natural do meus pensamentos “non-sense”, digo laxante porque isso aqui parece um intestino preso e quando meus ensaios saem são coisas sem nenhuma relevância real se quer que seja pra vida de alguém. Então tá. O nome desse post de hoje é, na verdade, o nome do meu herói/anti-herói preferido.

O Dommyuji Tsukasa.

O Dommyuji é um pé no saco. Egoísta, agressivo, infantil, cruel e mimado. Você teria todas as razões do mundo para odiá-lo. Todos teriam razões mais do que significativas para odiá-lo, inclusive eu. Só que eu não consigo. Na história onde eu conheci o Tsukasa ele é líder de um grupinho de garotos super-milionários que tem como único objetivo de vida desfilar como reis num colégio de gente rica - mas não tão rica quanto o Tsukasa e sua equipe de amiguinhos de infância - ele é forte, desaforado, destemido, ninguém impõe limites ao Dommyuji. Um completo idiota de merda que carrega um rei na barriga. Isso é o que eu acho dele e ainda assim não consigo desgostá-lo.

Essa minha queda por heróis/anti-herois eu não faço a mínima idéia de onde vem eu só posso ter uma vaga ideia. Porque eu não sou besta, nem vaidosa o bastante pra dizer que me compreendo por inteiro, porque eu, sinceramente, não consigo me entender. Eu admito que eu prefiro os Kyos, Os Do-contra, Os Chucks (GG), porque me falta paciência com os caras perfeitos que tentam me vender. Eu não tenho paciência pra os engomadinhos sem-personalidade. Os pela-saco previsíveis que não acrescentam nada em porra nenhuma. Que não tem opinião, que não me afrontam, que não desafiam minha inteligência e me façam querer – QUERER – passar um tempo andando por aí. Esses eu sempre descarto, porque, maldade minha - quem sabe?, enjôo rápido. É dos “príncipes” incomuns, é deles que eu mais gosto. Eles fazem a história andar, fazem a mocinha parar pra pensar, fazem ela ficar nervosa e perder a cabeça só pra ficar rindo escondido da cara de irritada dela. Eles são sinceros, honestos, infantis – mas naquela parte boa de infância que a gente esquece quando cresce. São bobos e fracos e não é qualquer um que sabe disso. E essa é a melhor parte.

O Dommyuji um dia cresce. Por causa da Makino. Não pense aqui que eu venho levantar bandeira pelo final feliz com casamento, mesmo que a história acabe assim. (Não sou pró ‘pra ser feliz tem que casar’ – mas isso é história pra outro post.) Com o Dommyuiji eu consigo imaginar depois do final feliz, que é onde muitas pessoas param porque é “perfeito”. Eu consigo imaginar como ele seria, o que ele faria, sobre o que conversaria. Depois do final dele não há final, porque o Dommyuiji é tangível. Posso contar nos dedos os defeitos dele e, em seguida, contá-los pra mim. Ou pra minha mãe. Ou pra o porteiro daqui do prédio. Porque apesar da personificação caricatural que ele recebe, você entende que ele é um ser humano. Pequeno como qualquer um outro, com todo tipo de merda que vem num pacote básico de ser-humano: egoísmo, ignorância e orgulho. A Makino também não é comum, a garota por quem o Dommyuji cresce é teimosa, birrenta, encrenqueira. E na primeira vez que ele a olhou de verdade ele tava apanhando dela (!). Eu me divirto observando-os andar com seus passos pelos terrenos irregulares dos sentimentos, a Makino e o Tskusa, desajeitados e orgulhosos, cada um do seu jeito infantil de resolverem as coisas. Muito mais do que eu me divirto assistindo toda a série.

A palavra em Japônes que tá lá em cima do título quer dizer “carta” e eu nem sei se tá certa. Mas todo mundo que já veio aqui nesse blog inútil sabe que eu adoro cartas e essa que eu transcrevo aí abaixo foi o Dommyuji quem escreveu. Essa é minha carta de amor(?) favorita, como não poderia deixar de ser. E é com ela que eu encerro esse texto. Não espero que todas as pessoas compreendam o que ele quis, de fato, pra outras há de ter que se assistir a série, mas quem ler agora, sem conhecimento prévio nenhum saiba de uma coisa: Essa carta não é uma carta comum, mas só porque quem a escreveu, o Dommyuji, não se permite ser assim.

“Para Makino

E aí? Tudo bem?

Eu to mais ou menos bem.
Essa viagem pra Nova York é meio repentina, eu sei. Mas eu tenho que ir pra lá. Tenho que ir pra estudar administração. Afinal de contas, eu sou o herdeiro do império Dommyuji mundialmente conhecido e não tenho escolha.

A primeira vez que eu ti vi eu pensei: “Quem é essa anã briguenta?” Mas de repente, sem nem perceber, eu me apaixonei por você. Quem sabe eu já não gostava de você desde a primeira vez que a gente se encontrou... Sei lá.
Então eu te intimei com a Tarja Vermelha e fiz da sua vida na escola um inferno. Mas quando a gente ficou preso no elevador e eu cai doente, você cuidou de mim. Ali eu percebi que você era uma pessoa muito boa.
Quando o bando da Sanjou Sakurako me deu aquela surra, foi a primeira vez que eu apanhei tanto sem revidar. E graças à você eu descobri como isso dói.
Quando o rui voltou, você ainda gostava dele. Mas eu preferi acreditar em você. E a gente continuou junto. Tenho certeza que meus amigos gostam muito de você também.

Quanto ao T.O.J. Você não sabia fazer nada. É comum e desajeitada. Não aprendia qualquer coisa que lhe ensinassem. Parecia que não tinha salvação pra você. Porém foi minha culpa você não ter ganho a competição.
Mas fique sabendo que você era a melhor e não se podia esperar menos. Afinal, você é a mulher que eu aprovei.

Parece que a única coisa que não deu certo foi te mostrar Saturno, porque eu e você somos de Saturno. Talvez tenha sido parte de nosso destino passar por todos esse bons e maus momentos. Então, eu quero te dá saturno de presente.

É a primeira vez que eu dou um presente (um colar com um pingente de Saturno) pra uma mulher, por isso, se você perder, EU TE MATO!

De qualquer forma quero que saiba que sempre que eu estive com você, pra mim, foram momentos felizes.
Então... Pode ser que eu volte, pricipalmente porque sinto sua falta.
E isso eu já decidi e não volto atrás.

Então, você, se esforce e dê sempre o seu melhor. Eu também vou me esforçar.
Até a próxima, né?

Dommyuji Tsukasa.”

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Abaixo à Alma-Gêmea! Abaixo à Alma-Gêmea!

Tudo bem. Você que começou a ler esse post agora e já se pergunta: “Como Aninha, logo Aninha, pode pensar uma coisa dessas???” Deixarei bem claro então pra que não haja dúvidas: Eu não acredito em alma gêmea.
Stol-shokadis.
Putz... Foi mal. Eu não queria decepcionar ninguém... Mas eu vou explicar. Na verdade foi por isso que eu quis escrever este post. Por isso e pelo fato de achar que eu devo isso às garotas e garotos de verdade que andam por aí. Sim. Mulheres e homens de verdade. Então, deixemos de enrrolação e comecemos a explicação. (Rimou! – grande merda... )
A idéia básica de alma gêmea gira em torno de que todos possuem uma pessoa esperando em algum lugar e que essa mesma pessoa lhe completaria de uma maneira incrível. E os seus defeitos seriam os acertos dele e seus acertos seriam os defeitos dele. Vocês correriam pela praia ao pôr-do-sol e cairiam rolando na areia rindo um pro outro e cansados se olhariam ternamente. Pronto. Nessa hora você revelaria que está com leucemia e que só teria mais um mês de vida. Fim. Acabei de escrever um roteiro de Hollywood, né? Pois é. Alma gêmea é isso. E parece que pra ficar mais lindo um dos dois tem que morrer... “Julieta, eis o sangue que palpita em minha carne, todo neste cálice eu te ofereço, mas dá uma licençinha que eu vou tomar um veneno aqui e a gente se encontra na eternidade, beleza?” Aí eu me pergunto: Como assim?
Eu sou uma pessoa de verdade, gente. Por mais que alguns não acreditem, nem mesmo eu. – Às vezes eu acredito ter sido deixada aqui nesse planeta numa brincadeira de muito mau gosto do valentão da escola alienígena, me afogando numa espécie de privada gigante – E por ser uma pessoa de verdade não posso me contentar com isso. Essa idéia de alma gêmea acomoda as pessoas que já são incrivelmente preguiçosas, porque, você sabe, são humanos. E com certeza acomoda! Que pessoa não viveria tranqüila pensando: “Ah... Mas eu não preciso me preocupar com isso. Minha alma gêmea me espera em algum lugar. Por isso, não preciso fazer nenhum esforço nesse meu namoro.” Ou então: “Deixa eu comer mais essa aqui porque ela tá fácil e quer me dá... Pronto. Mas a minha mulher perfeita, a minha alma gêmea, a que eu vou apresentar pra minha mãe, tá por aí.” E assim, mas descarado do que os takes na bunda da Sheila Mello que o programa do Gugu dava, os garotos e garotas alma-gêmea vão vivendo a vida, achando que sabem da verdade suprema do universo... E depois acabam num casamento barco-furado querendo, mas sem a coragem necessária pra pegar o colete salva-vidas, se jogar no mar.
Eu acredito que o que vale a pena de verdade, pra pessoas de verdade, é o que vem com o tempo. E eu lá sei o que vai acontecer amanhã? E se por um acaso eu vou no teatro e tem um cara lá? E se a sua garota foi aquela que você comeu vorazmente como um hambúrguer quentinho sem nem lavar as mãos antes? Pessoas de verdade já desejaram a morte de um chefe, pelo menos uma vez. Já pegaram no sono no ônibus, já quebraram a cara. Pessoas de verdade têm segredos e tudo que elas querem é alguém pra ouvir suas histórias, não um alguém predestinado pelo oxalá-meu-Deus-do-Futuro-romântico-do-amor. Essa historinha de alma gêmea faz com que as pessoas fiquem preguiçosas e covardes escondendo-se numa falsa sensação de segurança num futuro que elas não movem uma palha pra acontecer. Você já se decepcionou? Está cético? Desacreditado de amor? Acha que vai morrer sozinho? Ótimo. Adquira alguma perspectiva, tire algum proveito dessa merda toda. Uma garota de verdade é uma que já pensou que um canalha era a sua alma-gêmea algum dia. Um garoto de verdade já foi machucado por uma piranha disfarçada de mulher.
Converse, descubra, quem sabe? O que eu te ofereço com essa minha teoria furada é amor até o fim da sua vida. Amor além de suas celulites, nóias e inseguranças. Amor além da sua pancinha, da sua timidez e do seu medo. Com gente de verdade. Pessoas reais que terão sempre assunto bom e ótimas risadas. É verdade que pode está em qualquer lugar. Mas, pense nisso como um leque de possibilidades, pode ser um qualquer um só seu. A sua vida amorosa especial não precisa durar duas horas com uma pipoquinha murcha por companhia. Você quer romance? Eu vou te dizer. Se for de verdade, com gente de verdade e sonhos de verdade, você terá o maior romance até os seus dias de velhice. E ninguém vai precisar morrer jovem antes daquele grande final que vale, realmente, à pena.