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domingo, 22 de agosto de 2010

Pensar demais enlouquece. Pense nisso.

Quando e de onde vem a idéia de que você é o único que não finge?

Estando parada, numa fila, esperando pela sua vez pra comprar os ingressos pra entrar no cinema. Observando. Pensando. “Estão todos fingindo”. Sente isso o tempo todo. E isso a persegue. Não consegue acreditar que aquelas pessoas estejam ali por ter um gosto em comum. O mais óbvio não a agrada como resposta.
Se for verdade o que os psicólogos e psiquiatras acreditam quando falam e discutem sobre as máscaras aceitas pela sociedade, se for verdade que todos utilizam essas máscaras o tempo inteiro, se for verdade que não há pessoa que se olhe tempo suficiente num espelho se não for pra procurar um defeito. Se for verdade tudo isso, às vezes, poderia até se arriscar a entender. E de repente um tipo de bloqueio lhe acontece, algo como não se deve prolongar sentenças sobre isso, e coisas como: não estou pronta pra filosofar. O que parece, realmente, é que a máscara que responde pelo exercício do pensamento sabe mais do que se pode imaginar e sabe que se continuar prolongando-se naquilo que sabe melhor fazer, ela talvez não venha a agüentar.
A vontade de ser aceito em um grupo de indivíduos faz com que algumas pessoas ajam de maneira incoerente e talvez isso justifique o uso de máscaras. Numa mesa de bar, ele está terminando uma piada sobre loiras. Ela escuta e pensa: “Devo rir agora?” – Não é uma boa piada. Flerta com valores hipócritas de uma sociedade machista, com a subserviência de algumas mulheres, com a inferioridade do ser humano, com a generalização do pior tipo e etc. Todos riem, e já que não consegue se divertir com o óbvio, pensa:
As pessoas fingem por um motivo e por tal motivo elas continuam apenas fingindo? Aonde foi parar a verdadeira essência dessas pessoas? Será que usaram essas máscaras por tanto tempo que acabaram por se acostumar a essa nova identidade? Ou então, não gostavam de quem eram e por sua vez assumiram essas identidades por, dessa maneira, facilitar as coisas pra si mesmo? Quem sabe as pessoas na fila do cinema estejam ali por uma combinação de fatores – folga, descanso, lazer? Quem sabe todas as pessoas sejam suas próprias máscaras o tempo inteiro? Onde começa o fingimento e onde entra a personalidade de cada um? Por que alguns mudam tanto sobre influência do álcool? Ou por que algumas pessoas se decepcionam logo após o casamento? Existem máscaras certas para cada ocasião? E, se existe, quando eu devo usá-la já que um julgamento certo/errado pode não ser o mesmo pra todos?
“Que dor de cabeça”.
E esse é o primeiro sinal que sua máscara responsável pelo exercício do pensamento – haveria mesmo uma máscara aqui? – lhe envia. Se tiver sorte (ou azar) você ainda ouvirá:

- Vá com calma, meu bem. Pensar demais enlouquece. Não que ser são seja grandes coisas hoje em dia...

1 comentários:

Karolis disse...

Existem máscaras para todo tipo de ocasião mesmo..o que me veio na cabeça logo quando li é um dos casos mais comuns que a gente vê por aí..os tais "grupinhos de escola/faculdade".Se limitam com seu estilo, opiniões e somente eles estão corretos, são os mais bonitos e inteligentes. Até que ponto essas pessoas estão sendo elas mesmas? Aninha diz: "Onde começa o fingimento e onde entra a personalidade de cada um? " E eu concordo! Mas será q tais máscaras são utilizadas como uma forma de 'sobrevivência'?
Muito bom o texto e vale muitos comentários. Aninha arrasa! ;D

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